Da semana anterior, muito haveria para contar. Mas, o tempo ,não chega para tudo! Ou então o tempo que temos é para falar do que de melhor fica, frio, neve, gripes e preocupações à parte!
Quando o Jomi nasceu tinha a Sofi 26 meses acabados de fazer. E, para além de todas as inquietações normais com a gerência de tempo que tem de fazer qualquer mãe com dois bebés em casa, dei-me com um desassossego tremendo: a casual predilecção dos meus pais pela neta mais velha, e primogénita (a Sofi), de quem eles sempre foram muito próximos. De facto os primeiros meses foram complicados. Não porque eles notoriamente tivessem atitudes que indicassem essa predilecção, mas porque eu confesso que já estava com essa ideia na cabeça. O Guga nasceu e já o Jomi tinha 9 anos e a Sofi 11. O Guga é o queridinho da família.
Passados 14 anos agrado-me com o engano daquele minha superstição. Completamente insustentável. A minha mãe, que sempre dividiu de igual modo os mimos e as atenções pelos netos, é talvez aquela que reúne mais atenções da Sofi , Jomi e do Guga (portanto, a preferência é dos netos para com a avó, sendo que o avô a companhia ideal do Jomi para horas infindáveis sentado no sofá a brincar, a ajudar na bricolage do avô e a ver na Tv, os seus programas preferidos). E o Guga escolheu o avô. Sem nunca termos percebido nem como nem porquê, a verdade é que o mais novo sempre teve um amor tremendo pelo 'bô': na rua só quer andar de mão dada com ele, está sempre a perguntar por ele quando o perde de vista e nunca sai de casa dos meus pais sem dizer um delicioso 'bô, qué ficá aqui, em tua casa, contigo, beijinho'. Em seguida estica os doces lábios e lambuza o avô com um meigo beijo de afecto.
Os meus pais são pessoas maravilhosas. Não é por serem meus pais porque, feliz ou infelizmente, eu tenho esta habilidade fria de avaliar à lupa até as pessoas de quem mais gosto. Mas porque de facto são seres humanos extraordinários. A minha mãe pela sua força de vontade, pela sua coragem e pela vontade de viver. O meu pai pela pureza de alma, pela criatividade de quem tem o dom do desenho nas pontas dos dedos, pela determinação com que defende o seu ponto de vista, por tudo o que já tem sofrido em termos de saúde e pelo humanismo perturbador. São pais maravilhosos, mas avós ainda mais extraordinários. Os melhores ‘segundos pais’ que podem subsistirem neste mundo.
Por isso emociono-me recatadamente quando todos os dias vejo os abraços que o Jomi e a Sofi pedem à avó e os beijos que o Guga troca com o avô! Porque são justos. E pretendidos para uma imortalidade que ingenuamente gostava que aqui pudesse durar.
Sim,Guga, o avô 'qué beijinhu', e a avó, e a mãe, e o pai, e a mana e o mano também!
sinto-me: Feliz pelos pais que tenho