Uma vez mais, olhei para os meus filhos sentados à mesa para jantar e me apaixonei por aqueles olhares. Olhares não para mim, mas para o mano caçula que mais uma vez fazia as suas piadinhas.
Então pensei que alegria era a vida de cada um ali e como seria difícil viver sem esses olhares. É difícil Termos momentos com menos que três falando ao mesmo tempo, e algumas discussões acontecem “muitas vezes”.
E é isto que me apaixona. Como a vida não pode ser programada ! Como cada filho reserva suas surpresas para nós pais, todos os dias. Principalmente com os mais velhos como o amor exige entrega, amadurecimento e liberdade (não abandono).
Por exemplo, ultimamente tenho tido certa dificuldade para falar com meu filho do meio (os pais mais velhos devem pensar: Que novidade!). Mas esta dificuldade exige de mim um amadurecimento no que refere a respeitar o espaço dele como pessoa, e como pessoa amada. Não é fácil quando um filho entra dentro de si mesmo, se isola no quarto e não conseguimos arrancar o que o incomoda ou o que ele está a pensar naquele momento. Queremos ajudar a parar aquele silêncio e nada. Sentimos-nos trocados, impotentes ou mesmo desrespeitados. Eu, pelo menos, sinto-me até com raiva por não poder ler os seus pensamentos. E é aí que tenho que me controlar para amar, correr o risco, respeitar, esperar sem me afastar, e não considerar como derrota pessoal um facto corriqueiro de qualquer adolescente normal. Isto é engraçado , pois, como eles nunca foram adolescentes, eu também nunca fui mãe de dois adolescentes e portanto temos que aprender juntos. E eu sei que não basta pensar que fomos adolescentes a 20 atrás , hoje agimos e pensamos diferente e temos que nos esforçar muito para compreendê-los. Eu vou insistir, na espera, naprocura do diálogo e principalmente nas demonstrações de amor; no beijo na face ou na boa noite antes de dormir .